terça-feira, 16 de novembro de 2010

PARA ALÉM DAS PROCLAMAÇÕES


Artigo de Marta publicado em A Tarde em 15 de Novembro aborda a luta pela igualdade de gêneros na política e comemora a vitória da primeira mulher presidente do Brasil: "extraordinária para um país machista!". Leia a íntegra:


NOVEMBRO - PARA ALÉM DAS PROCLAMAÇÕES

Em 24 de fevereiro de 1932 foi publicada a primeira lei brasileira que reconhecia o voto feminino e incluía o voto secreto. A partir de então, as mulheres brasileiras entraram na categoria de cidadãs que expressam opiniões políticas através do voto.

Na nossa primeira constituição e nas esparsas leis eleitorais, o gênero nunca era mencionado. Daí a diluição das mulheres na política não foi motivo de reação. Até 1880, jornais femininos defendiam apenas a instrução das mulheres e votar era do coletivo. Antes de 1880, a eleição era realizada nas igrejas. Ano depois, a Lei Saraiva aboliu as comissões paroquiais e encarregou uma magistratura de alistar o eleitor.

Celebramos esse ano 78 anos do voto feminino, conquista que garantiu a individualização do sufrágio por meio secreto. De 1889 a 2010, esperamos 121 anos de República. Foi preciso 22 da Promulgação da Constituição Cidadã, 16 de compromissos firmados na Plataforma de Beijing, para que o Brasil vencesse o obscurantismo de nunca ter mulher na Presidência da República.

Mesmo com compromissos, a exemplo da Plataforma de Beijing que estabeleceu mínimo de 30% como meta mundial de representação feminina no Poder Legislativo, com todas as conquistas e avanços, ainda persiste a desigualdade de gênero. Após 13 anos da Lei Eleitoral, as regras continuam favorecendo o poder econômico. Com custos de campanhas altíssimos, partidos fixam os limites de gastos, o que facilita um número expressivo de candidaturas masculinas.

A sub-representação de mulheres nos espaços de poder e decisão é fruto de uma cultura machista, racista, patriarcal. Para instituir um modelo inclusivo de mulheres e outros segmentos historicamente excluídos, precisamos defender uma Reforma Política democrática e laica com fortalecimento dos partidos, financiamento público de campanhas, combatendo o personalismo, a corrupção e garantindo a promoção da igualdade.

Elegemos a Primeira Mulher. Preparada, comprometida e que resistiu à perseguição da ditadura, ela é extraordinária para um país machista.

Marta Rodrigues é vereadora e presidenta do PT em Salvador

Fonte: Assessoria do Mandato

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